NENIA
Filha, porque tão cedo te partiste
Para as sombras, sem fim, da Eternidade?!
Porque às glórias do Céu não desististe,
Para a teus pais poupar tanta saudade?!
Como foi doloroso o instante triste
Em que te a morte levou, sem piedade,
Filha adorada que jamais sentiste
As vertigens do gozo e da vaidade!
Filha do Céu, bem vês que conduziste
Ao regaço da campa em que caíste
Nossos anseios de felicidade !
Dorme, porém, o sono derradeiro,
Ao abrigo de golpe traiçoeiro
Deste mundo tão cheio de maldade.
Ao Desembargador Josias Soares e sua Exma. Esposa, D. Arlinda Soares, pela morte prematura de sua dileta filha, srta. Mariinha Soares. Publicado na "Folha da Manhã", de Aracaju, em 20.12.1940 e na "Vida Capichaba, de Vitória, em 30.03.1941.
RECORDAÇÃO
São muitos cruéis os anos
Que passam por sobre nós:
Nos enchem de desenganos
E a vida tornam feroz!
Que belos dias vivemos,
No Velho Bairro Caído,
Onde nós dois estivemos,
Com Isaias querido !
Era tão simples a vida,
Era tão pouco o sofrer,
Que doce nos era a lida,
A luta pelo viver.
As quixabeiras floridas,
Sob o zumbir das abelhas;
As tardes sempre tingidas
Por longas faixas vermelhas;
Os cajueiros tão belos,
Eram só tres, entretanto,
Dando frutos amarelos
Os quais eram nosso encanto;
À direita as goiabeiras,
Ao pé dum velhi purão,
Onde as águas das biqueiras
Transbordavam para o chão;
Um frondoso juazeiro,
Frondoso e bem verdejante,
Dava sombra o dia inteiro
Contra o sól extenuante;
Os cabritos bodejantes
Que a tarde eu ia prender,
Sempre alegres, saltitantes;
(como eu gostava de os ver!)
Os borreguinhos de neve,
Nos dias de frio inverno,
Abalando a cauda leve,
Sugando o leite materno;
As vacas, tristes, mugindo,
De seus filhos separadas
Constantemente carpindo
De saudades torturadas;
Tudo, tudo na lembrança
Eu trago sempre gravado:
Os tempos meus de criança,
As cousas do meu passado.
Aqui está, mana Judite,
Velha irmã do coração,
Meu testemunho, acredite
De sincera adoração.
20 de novembro de 1941
Agendando passeios com comodidade
Há 5 anos
2 comentários:
Raquel:
Estou retribuindo a sua visita ao meu blog EDUCAÇÃO É HISTÓRIA. Obrigado pelos comentários elogiosos. Adorei! Você está de parabéns pelo modo como vem celebrando a memória de Epifânio Dória e também pelos seus registros sobre Aracaju. Gostei muito. Estou colocando um link do seu blog, na lista de links do meu blog. Se você não aprovar esta liberdade, posso fazer a exclsão posteriormente.
Volte sempre para novas visitas ao EDUCAÇÃO É HISTÓRIA. Confesso-lhe que voltarei mais vezes para visitar o seu blog.
Abraços,
Jorge
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